Sistemas de missão crítica são o coração das operações de muitas empresas. Eles garantem que processos essenciais funcionem sem falhas, desde transações financeiras até o gerenciamento de infraestruturas complexas. No entanto, à medida que esses sistemas envelhecem, o débito técnico acumulado pode se transformar em um problema significativo.
Assim, o que antes era uma solução eficiente pode se tornar uma barreira para o crescimento e a inovação, afetando não apenas a experiência do usuário, mas também a competitividade da empresa. Para empresas que dependem de sistemas de missão crítica, ignorar esse problema pode resultar em falhas frequentes, custos operacionais elevados e insatisfação generalizada.
Neste artigo, exploraremos como a dívida técnica afeta sistemas de missão crítica, os sinais de alerta que indicam a necessidade de modernização e as estratégias para superar os desafios impostos por sistemas legados. Ficou curioso? Continue lendo!
O débito técnico é o resultado de uma decisão técnica que prioriza ganhos a curto prazo (como velocidade de entrega) em detrimento da construção de uma solução tecnicamente mais adequada. Estas decisões, embora muitas vezes sejam necessárias e importantes para o sucesso do projeto a curto prazo, criam uma dívida que precisa ser paga no futuro.
Na DB1, por exemplo, chamamos o débito técnico de dívida técnica, porque, assim como uma dívida financeira, ela cobra juros. Quanto mais tempo você adia o pagamento, maior será o esforço e o custo para corrigir os problemas.
Além disso, existem dois tipos principais de débito técnico: o intencional e o acidental. O primeiro ocorre quando a equipe opta conscientemente por uma solução rápida, sabendo que precisará refatorar o código no futuro. Já o segundo surge de práticas inadequadas, falta de conhecimento ou mudanças nas tecnologias ao longo do tempo.
Independentemente do tipo, ele pode se propagar rapidamente em sistemas de missão crítica, especialmente quando novos desenvolvedores assumem o projeto e replicam padrões de código inadequados.
Para evitar que a dívida técnica se torne insustentável, é essencial que a liderança técnica tenha uma visão clara do tamanho da dívida e implemente medidas de mitigação. Isso inclui a criação de um plano de pagamento da dívida, priorizando as áreas que mais impactam a confiabilidade, a segurança e a escalabilidade do sistema.
O débito técnico em sistemas de missão crítica pode ter consequências devastadoras para uma empresa. O estudo “The Growing Threat of Technical Debt” realizado pela Outsystems indica que grandes empresas gastam, em média, 41% de seu orçamento de TI para lidar com a dívida técnica.
Essa dívida aumenta os custos de manutenção, pois torna mais difícil e demorado implementar mudanças e atualizações no software. Imagine um sistema bancário que falha durante o horário de pico ou uma plataforma de e-commerce que cai em um dia de promoção. Esses problemas não apenas frustram os usuários, mas também geram perdas financeiras significativas.
Outro impacto é a baixa confiabilidade, com falhas frequentes e indisponibilidades que comprometem operações essenciais.
O comprometimento da segurança é outro ponto que as empresas devem ficar de olho em relação à dívida técnica. Sistemas com débito técnico acumulado muitas vezes não recebem atualizações regulares, tornando-se vulneráveis a ataques cibernéticos. Além disso, a falta de conformidade com normas de segurança, como LGPD, GDPR e ISO 27001, pode resultar em multas e danos à reputação da empresa.
Além disso, a falta de escalabilidade é outro problema comum. Sistemas legados muitas vezes não conseguem se adaptar a novas tecnologias ou aumentar sua capacidade para atender a demandas crescentes. Isso limita a capacidade da empresa de inovar e crescer.
Tudo isso traz outra consequência: o impacto na inovação. O mesmo estudo da Ousystems citado apresenta que 69% dos líderes de TI consideram a dívida técnica uma grande ameaça à capacidade das empresas de inovar. E, uma empresa que não inova, fica para trás.
Identificar os sinais de que um sistema de missão crítica precisa de modernização é o primeiro passo para evitar crises. Um dos indicadores mais claros é o alto custo de manutenção e suporte. Sistemas antigos exigem correções constantes e dependem de profissionais com conhecimento específico, que podem estar se tornando cada vez mais raros no mercado.
Falhas frequentes e baixa confiabilidade também são sinais de alerta. Se o sistema está constantemente apresentando quedas ou tempos de inatividade além do aceitável, é um claro indicativo de que a infraestrutura não suporta mais as demandas operacionais.
Além disso, integrações difíceis ou inexistentes com novas tecnologias impedem a inovação e a adoção de soluções modernas, como APIs e plataformas baseadas em nuvem.
A performance degradada e a experiência ruim do usuário são outros problemas comuns. Longos tempos de resposta e erros recorrentes afetam diretamente a produtividade interna e a satisfação dos clientes.
Por fim, o risco elevado de segurança e compliance é um sinal crítico. Sistemas desatualizados que não atendem às normas regulatórias atuais representam riscos financeiros e legais para a empresa.
Superar o débito técnico e modernizar sistemas de missão crítica exige uma abordagem estratégica e bem planejada. Uma das primeiras medidas é adotar práticas que evitem o surgimento de novas dívidas técnicas
Isso inclui a implementação de boas práticas de arquitetura e design, mesmo em cenários com prazos restritivos. A diferença entre uma implementação que gera débito técnico e uma abordagem ideal pode ser menor do que se imagina, e o custo de corrigir problemas no futuro será sempre maior.
Confira abaixo algumas das estratégias que podem ser abordadas para mitigar a dívida técnica:
Uma boa prática para reduzir a dívida técnica é a refatoração. Ela envolve a reestruturação do código existente sem alterar seu comportamento externo, com o objetivo de melhorar a legibilidade, a manutenibilidade e a eficiência.
Em sistemas de missão crítica, a refatoração pode ser feita de forma incremental, priorizando as áreas que mais impactam a confiabilidade e o desempenho. Por exemplo, identificar módulos com alta complexidade ciclomática e dividi-los em componentes menores e mais gerenciáveis pode reduzir significativamente o risco de falhas.
Além disso, a refatoração contínua ajuda a evitar que o débito técnico se acumule, garantindo que o código permaneça limpo e adaptável às mudanças futuras.
Testes automatizados, como unitários, de integração e end-to-end, garantem que novas alterações no código não introduzam regressões ou bugs. Já os pipelines de CI/CD permitem que as atualizações sejam implantadas de forma rápida e segura, reduzindo o tempo entre o desenvolvimento e a produção.
Em sistemas de missão crítica, essa abordagem é importante para manter a confiabilidade e a estabilidade, especialmente em ambientes com alta frequência de mudanças.
Ferramentas como Jenkins, GitLab CI e GitHub Actions são amplamente utilizadas para criar pipelines robustos que integram testes, análises de código e deploy automatizado.
Ficou curioso sobre como a DB1 utiliza o GitHub em suas práticas de desenvolvimento de software? Leia no whitepaper “Você utiliza I.A. do jeito certo? Um estudo sobre o uso do GitHub Copilot no processo de desenvolvimento de software”!
Em sistemas de missão crítica, o uso de ferramentas de análise de códigos – como SONAR, que identifica problemas estruturais no código além de potenciais vulnerabilidades de segurança –, permite que as equipes acompanhem o desempenho em tempo real e detectem anomalias rapidamente.
Por exemplo, métricas como tempo de resposta, taxa de erros e utilização de recursos podem indicar gargalos ou falhas iminentes. Além disso, a implementação de alertas automatizados ajuda a equipe a agir proativamente, minimizando o impacto de possíveis indisponibilidades.
A modernização de sistemas legados pode seguir diferentes abordagens, dependendo da necessidade e do grau de transformação desejado.
O Lift-and-Shift é a opção mais rápida, migrando aplicações para a nuvem sem alterar sua arquitetura. Embora reduza custos e aumente a escalabilidade, não resolve o débito técnico, já que sistemas monolíticos mantêm desafios de manutenção. Geralmente, é um primeiro passo antes de estratégias mais avançadas.
Já o replatforming vai além, ajustando componentes da aplicação para otimizar seu desempenho na nuvem. Isso inclui a migração para bancos de dados gerenciados e a adoção de serviços automatizados, garantindo maior eficiência e confiabilidade sem exigir uma reestruturação completa.
Ainda, existe a opção da rearquitetura, que promove uma transformação total, reformulando aplicações para um modelo cloud-native e microservices. Essa abordagem melhora escalabilidade, resiliência e flexibilidade, além de reduzir riscos e acelerar entregas.
Você já entendeu que ignorar o débito técnico pode comprometer a competitividade e a inovação da sua empresa. Modernizar sistemas de missão crítica exige estratégia, investimento e as melhores práticas tecnológicas. Quer se aprofundar em temas como esse? Acesse o blog da DB1 Global Software e confira mais conteúdos sobre modernização e tecnologia!
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