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Documentação em projetos ágeis: o que é, como e quando aplicar

Roberto Padilha
23 de outubro de 2025

Na gestão de projetos com metodologias ágeis, a documentação muitas vezes gera dúvidas: será que ainda é necessária? Como manter registros sem comprometer a agilidade? 

A resposta está no equilíbrio. 

Apesar do Manifesto Ágil priorizar “software funcionando mais que documentação abrangente”, isso não significa ausência total de documentação — mas sim uma nova abordagem: mais leve, útil e sob demanda. 

Neste artigo, você vai entender: 

  • O que é documentação ágil 
  • Quais tipos são mais usados em projetos ágeis 
  • Como documentar de forma eficiente sem travar o fluxo 
  • E quando documentar faz a diferença 

O que é documentação ágil?

Documentação ágil é o conjunto de registros essenciais que acompanham um projeto desenvolvido com metodologias ágeis. Ao contrário da documentação tradicional, que costuma ser extensa, burocrática e muitas vezes desatualizada, a abordagem ágil busca registrar apenas o que é realmente necessário, no momento certo. 

É como um termômetro: você não precisa de um manual técnico inteiro para saber que está com febre, mas precisa de um dado claro e confiável para tomar uma decisão. A documentação ágil funciona da mesma forma — direta, útil e proporcional à necessidade do time. 

A ideia central é comunicar de forma eficiente, sem criar barreiras ao progresso da equipe. Por isso, a documentação ágil é: 

  • Objetiva: foca no que realmente importa para o time e para o cliente. 
  • Colaborativa: construída em conjunto por quem participa do projeto. 
  • Flexível: atualizada conforme o produto e as necessidades evoluem. 

O Manifesto Ágil é claro ao afirmar: 

“Valorizamos mais software funcionando do que documentação abrangente.” 

Mas isso não significa eliminar a documentação, e sim adaptá-la para não travar o fluxo de desenvolvimento. O objetivo é registrar o suficiente para manter clareza, alinhamento e continuidade, especialmente em times distribuídos, projetos longos ou com mudanças frequentes. 

Qual a importância da documentação em projetos ágeis?

Mesmo em ambientes ágeis, onde a entrega contínua é prioridade, a documentação de projetos continua sendo estratégica. Ela evita perda de conhecimento ao longo do desenvolvimento, melhora a comunicação entre equipes e garante que decisões e mudanças fiquem registradas para consulta futura. 

Em cenários práticos, como quando o cliente solicita um relatório ou justificativa sobre algo feito semanas atrás, a ausência de documentação pode gerar retrabalho e insegurança. Ter esses registros essenciais reduz esse tipo de risco e reforça a confiança no processo. 

Outro ponto importante é a transição de equipe. A documentação permite que novos integrantes entendam rapidamente o contexto do projeto, sem depender da memória de quem já saiu ou mudou de função. Isso evita gargalos e mantém a continuidade mesmo diante de mudanças no time. 

Além disso, ela contribui para o cumprimento de exigências contratuais, normativas e de compliance, especialmente em projetos corporativos com maior nível de governança. 

Mais do que um entrave, a documentação em metodologias ágeis é um suporte à agilidade — funcional, proporcional e alinhado à realidade de cada projeto. 

Quais tipos de documentação usar em projetos ágeis?

Em projetos ágeis, a documentação não precisa ser extensa, mas deve ser útil, acessível e suficiente para orientar o time. Em vez de manuais longos e pesados, prioriza-se o registro dos artefatos realmente essenciais para o entendimento, evolução e entrega do produto. 

Principais tipos de documentação em projetos ágeis

A seguir, estão os formatos mais utilizados em metodologias ágeis, adaptados à necessidade de agilidade e colaboração. 

Histórias de usuário (User Stories)

Descrevem funcionalidades do ponto de vista do usuário final, com critérios claros de aceitação. Servem como base para o desenvolvimento e garantem foco nas necessidades reais. 

Backlog do produto

Organiza as funcionalidades priorizadas, com seus requisitos e status. É um documento vivo, que guia o time ao longo das sprints. 

Critérios de aceite

Ajudam a definir quando uma entrega está realmente pronta. Evitam interpretações ambíguas sobre o escopo. 

Definition of Done (DoD)

Conjunto de critérios que uma tarefa precisa cumprir para ser considerada finalizada. Garante qualidade e consistência nas entregas. 

Documentação técnica leve

Registros objetivos de decisões arquiteturais, fluxos de integração e uso de APIs. Útil para desenvolvedores atuais e futuros. 

Notas de retrospectivas e reviews

Guardam aprendizados, melhorias sugeridas e decisões tomadas durante os ciclos. Servem como referência para evoluções futuras. 

Esses tipos de documentação costumam ser curtos, objetivos e mantidos em ferramentas colaborativas, como Jira, Notion, Confluence ou Google Docs. Isso facilita o acesso e as atualizações frequentes, sem comprometer o ritmo do projeto. 

No fim das contas, o foco é criar uma base de conhecimento útil para o time, e não apenas preencher documentos por obrigação. 

Como fazer documentação ágil na prática? 

Fazer documentação ágil não significa abrir mão de organização, mas sim criar registros que ajudem o time a se mover mais rápido. O foco é documentar apenas o necessário, de forma colaborativa e contínua. 

Veja como aplicar isso na prática: 

1. Comece com o essencial 

Evite documentar tudo de uma vez. Foque no que é crítico: objetivos do projeto, funcionalidades-chave, critérios de aceitação e decisões técnicas. 

2. Use ferramentas acessíveis e colaborativas 

Documente em ambientes que o time já utiliza, como: 

  • Jira (para backlog e histórias) 
  • Confluence, Notion ou Google Docs (para decisões e registros técnicos) 
  • ClickUp, Trello ou Asana (para organizar tarefas e fluxos) 

3. Integre a documentação ao fluxo de trabalho 

A documentação ágil não deve ser uma etapa separada. Ela precisa evoluir junto com o projeto, sendo revisada e atualizada durante as sprints, reuniões de review e retrospectivas. 

4. Mantenha tudo visível e compartilhado 

Evite arquivos soltos em pastas locais. Prefira ambientes online, com histórico de edição, comentários e visibilidade para todos os envolvidos. 

5. Adote o princípio da documentação viva

Se a informação muda, a documentação também deve mudar. Por isso, use formatos fáceis de editar e evite versões estáticas (como PDFs).

Dica: Se está em dúvida se algo deve ser documentado, pergunte: isso será útil para alguém mais tarde? Se a resposta for sim, registre.

Quando documentar em projetos ágeis?

Em projetos ágeis, a documentação não segue um cronograma rígido. Ela é feita de forma contínua e estratégica, conforme a necessidade do time e do projeto. O foco é entregar valor o mais rápido possível — e registrar o suficiente para sustentar essa entrega. 

Veja os momentos mais comuns em que a documentação faz diferença: 

No início do projeto 

  • Visão geral do produto 
  • Objetivos do negócio 
  • Personas e principais fluxos de usuário 
  • Critérios de sucesso e métricas 

Isso ajuda o time a começar com alinhamento claro, evitando retrabalho logo nos primeiros sprints. 

Durante o desenvolvimento 

  • Histórias de usuário e critérios de aceite 
  • Decisões de arquitetura ou mudanças técnicas 
  • Lições aprendidas nas retrospectivas 
  • Regras de negócio ou integrações com sistemas externos 

A documentação aqui é viva, construída junto com a evolução do produto. 

Ao final de cada ciclo (sprint ou release) 

  • Registro das entregas feitas 
  • Feedbacks relevantes do cliente 
  • Ajustes no backlog e próximos passos 
  • Atualização da definição de pronto (DOD), se necessário 

Serve como histórico para manter o time alinhado e preparar a próxima etapa com base em dados concretos. 

Documentar ou não em projetos ágeis? 

Sim, documentar. Mas de forma ágil, leve e funcional

A documentação em projetos ágeis não é um excesso a ser cortado. É uma ferramenta de apoio que, quando usada corretamente, fortalece o alinhamento do time, melhora a qualidade das entregas e reduz riscos. 

O segredo está em abandonar a burocracia sem abrir mão da clareza. Documentar o que importa, no momento certo, com formatos acessíveis, é o que garante a continuidade do trabalho mesmo diante de mudanças, saídas de pessoas ou reavaliações de escopo. 

Em vez de perguntar "documentar ou não?", a pergunta certa é: 

"O que realmente precisa ser documentado para que o time entregue melhor?" 

Quando essa resposta é clara, a documentação ágil deixa de ser uma dúvida e passa a ser uma aliada. 

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