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Como calcular o ROI de agentes de IA na cadeia operacional de desenvolvimento de software?

Nilson Soares
1 de julho de 2025

Agentes inteligentes já atuam com autonomia parcial em etapas críticas do desenvolvimento de software. Automatizam tarefas, analisam padrões e, em alguns casos, tomam decisões baseadas em contexto. Mas para líderes técnicos e decisores estratégicos, a pergunta-chave permanece: como calcular o ROI dessas aplicações? 

Muitas empresas adotam IA para programação, revisão de código, testes e classificação de chamados. No entanto, sem métricas objetivas e modelos de acompanhamento, o risco é alto: decisões são tomadas com base em hype e não em impacto real. Isso torna difícil justificar o investimento, e pior, dificulta escalar soluções promissoras. 

Neste artigo, vamos explorar as boas práticas técnicas e estratégicas de como calcular o ROI com precisão, baseando-nos tanto em aprendizados reais da DB1 Global Software, como os apresentados no episódio do podcast Bites and Business com Alexandro Hervis. O objetivo? Ajudar você a decidir com dados, e não com achismos. 

A Inteligência Artificial já está na operação, mas e o retorno? 

O uso de IA no ciclo de desenvolvimento deixou de ser periférico. Hoje, agentes inteligentes contribuem em várias frentes: geram código, revisam pull requests, alimentam testes automatizados, analisam requisitos e organizam tickets. Mas, como destaca Alexandro Hervis, staff engineer da DB1, no podcast Bytes and Business, “isso ainda acontece muitas vezes sem controle sobre o valor real entregue”. 

Ou seja: o time acelera, mas não sabe se está ganhando. 

Implementar IA sem medir o impacto leva ao que Hervis chama de custo travestido de inovação. Automatiza-se uma etapa, mas sem clareza sobre o retrabalho evitado, o tempo de sênior economizado ou a qualidade entregue ao usuário final. A operação parece mais moderna, mas pode estar apenas mais cara. 

Na prática, agentes de IA só geram ROI se estiverem bem posicionados no negócio e se forem acompanhados como qualquer outro microserviço crítico. Isso exige definição de escopo, instrumentação e validação contínua. E tudo isso começa por uma pergunta honesta: o que acontece se eu não medir nada? 

Veja o episódio sobre o tema na íntegra: 

O que acontece quando você não mede o ROI dos seus agentes de IA 

Tech leads não precisam ser convencidos ou ensinados a como calcular o ROI — mas frequentemente são pressionados a entregar resultados sem ter visibilidade do retorno real. E isso cria um problema maior: decidir no escuro

Automatizar tarefas com IA pode parecer evolução. Mas sem medir o retorno, é impossível saber se há ganho real ou só uma redução temporária de esforço aparente. Em pouco tempo, o que parecia avanço vira débito técnico, difícil de sustentar e justificar. 

Quando não há ROI mensurado, a IA vira apenas uma vitrine. Aplicações que somente roteiam prompts para um LLM passam por “inteligência” sem gerar valor técnico. E isso custa: em tokens, infraestrutura, e principalmente, na credibilidade de quem lidera o projeto. 

Quando a organização ignora como calcular o ROI desses agentes, líderes técnicos ficam expostos a erros silenciosos: 

  • A IA responde, mas o time não confia e evita usar. 
  • O custo computacional cresce sem proporcionalidade com entregas. 
  • A produtividade até aumenta, mas ninguém sabe quanto. 
  • A percepção de inovação se desfaz na ausência de dados. 

O resultado? Projetos que viram peso morto na stack: difíceis de justificar e quase impossíveis de escalar. 

Hervis ilustra isso com um exemplo recorrente: o uso de IA para leitura de logs técnicos. “Em vez de buscar insights de negócio ou padrões complexos, muita gente só pluga um agente para contar erros 500. Isso poderia ser feito com uma regex.” 

Defina metas reais: o ROI começa antes do deploy 

Pessoas analisando Inteligência Artificial em uma grande tela.
Agentes de IA na programação: é possível, mas existem pontos de atenção a se tomar.

A principal falha ao aplicar agentes de IA é tratá-los como fim, e não como meio. Implementar uma solução sem objetivos mensuráveis leva à armadilha do "efeito placebo": a sensação de avanço, sem retorno real.  

Entender como calcular o ROI só é possível quando o que se espera da IA está claramente definido em termos de metas operacionais. 

Metas robustas devem ter: 

  • Clareza de escopo: o que exatamente o agente fará? 
  • Indicadores de impacto: quais métricas serão monitoradas? 
  • Benchmark de baseline: qual é o cenário antes da IA? 

Sem esse alinhamento, qualquer cálculo de retorno é especulação. E como lembra Hervis, até uma IA que responde "certinho" pode estar gerando prejuízo se não estiver bem conectada ao propósito da operação. 

Como calcular o ROI de agentes de IA de forma prática e defendida? 

Antes de entender como calcular o ROI propriamente dito, é importante entender o que entra no custo total. E aqui não estamos falando apenas de licenciamento, mas também de horas investidas, treinamento e integração. Veja o que considerar: 

  • Licenciamento: GitHub Copilot, ChatGPT, APIs de LLMs, servidores dedicados. 
  • Setup técnico: integração com IDEs, CI/CD, repositórios, infraestrutura e segurança. 
  • Capacitação: horas investidas pelo time para onboarding e ajuste fino. 
  • Manutenção contínua: observabilidade, reentrenos, ajuste de escopo, correção de falhas. 

Aqui entram ganhos tangíveis de produtividade, qualidade e redução de desperdício. Exemplos: 

  • +25% de produtividade com GitHub Copilot (dado real da DB1) 
  • Redução de tempo de revisão em até 40% com agentes de code review 
  • Classificação automatizada de tickets com acurácia >95% 
  • Diminuição de bugs em produção com agentes de QA integrados 

O impacto da I.A. no desenvolvimento de software pode ser sentido em três frentes principais: 

1. Aumento de produtividade 

Esse é o ganho mais evidente. Com agentes de IA, os devs passam menos tempo em tarefas repetitivas e mais tempo resolvendo problemas reais. Isso inclui: 

  • Escrita de código mais rápida 
  • Sugestões contextuais em tempo real 
  • Redução do tempo gasto em revisões 

Por exemplo: se um desenvolvedor entrega 10 funcionalidades por ano e, com I.A., passa a entregar 13, temos como calcular o ROI facilmente: 

  • +3 entregas × 10 devs = 30 novas funcionalidades 
  • Valor médio por funcionalidade: R$ 3.000 
  • Ganho anual: R$ 90.000 

2. Menos erros e retrabalho 

Agentes de I.A. também atuam em etapas como QA e testes. O resultado? 

  • Menos bugs em produção 
  • Diagnóstico mais rápido de falhas 
  • Classificação de chamados automatizada 

Você reduz o esforço do time e melhora a estabilidade do sistema. 

3. Redução do ciclo de desenvolvimento 

A inteligência artificial ajuda a encurtar sprints e liberar versões mais rápido: 

  • Sprints de 3 semanas viram ciclos de 2 semanas 
  • MVPs ganham velocidade e custo menor 
  • Time-to-market melhora, o que também é ROI! 

Agora vem a fórmula mágica: ROI= [(Ganho total - Custo Total)/Custo total] x 100  

Com base nos exemplos, veja como calcular o ROI: 

  • Ganho total: R$ 90.000 (produtividade) + R$ 10.000 (menos bugs e retrabalho) = R$ 100.000 
  • Custo total: R$ 20.000 

Isso mesmo: a cada R$ 1 investido, você retorna R$ 5. 

Leia também: “Aplicações práticas de automação com I.A. para alavancar novos produtos” 

Métricas que importam para quem realmente mede resultado  

Pessoa acessando o computador e analisando o ROI de inteligencia artificial em gráficos
Saber quais métricas olhar ajuda a entender como calcular o ROI de agentes de Inteligência Artificial.

Para um cálculo preciso, use três categorias: 

Métricas quantitativas 

  • Volume de tarefas automatizadas: commits revisados, testes gerados, chamadas respondidas. 
  • Redução de retrabalho: horas poupadas por sprint, ciclos evitados de correção. 
  • Confiança do modelo (>95%): taxa de outputs acionáveis sem intervenção humana. 
  • Custo computacional por decisão: tokens x frequência x peso do modelo 

Métricas qualitativas 

  • CSAT interno: satisfação dos devs com o suporte da IA. 
  • Taxa de override: percentual de interações interrompidas por humanos. 
  • Tempo médio de resposta: da requisição à entrega da resposta do agente. 

Operacional 

  • Adoção interna: % de pessoas do time que usam o agente regularmente (>70% é bom). 
  • Velocidade de integração: tempo para colocar um novo agente em produção. 
  • Performance em long-tail: como o agente se comporta em exceções, cenários complexos ou ambíguos. 

Melhores práticas para garantir um ROI sustentável 

Não basta entender como calcular o ROI: é preciso projetar o agente para gerar retorno desde o primeiro commit. Isso exige decisões técnicas e organizacionais com foco em impacto. Todo agente de IA deve nascer com um escopo mínimo viável (MVP), mas esse MVP precisa responder a uma dor real do time. Use sandbox próximos à operação real e valide hipóteses com: 

  • Métricas de baseline antes da IA 
  • Testes A/B com e sem agente 
  • Simulações com dados reais 

Quanto mais restrito for o escopo do agente, melhor o controle sobre alucinações, falhas e ROI. 

Na DB1, por exemplo, há agentes distintos para: 

  • QA: geração e validação de testes 
  • UX: identificação de inconsistências em fluxos 
  • BA: apoio à documentação técnica 
  • Pré-code-review: sugestões contextuais antes de abrir o PR 

Hervis também explica que aplicar RAG (Retrieval-Augmented Generation) com vetores e FAQs internos reduz o uso de tokens e melhora a precisão. Isso gera economia e confiabilidade, principalmente em agentes que usam conhecimento da empresa para operar. 

Ferramentas como LangChain, LlamaIndex, Pinecone, Weaviate e ChromaDB são opções acessíveis para isso. 

Além de tudo isso, definir o que o agente não faz é tão importante quanto divulgar o que ele faz. A clareza reduz atritos e aumenta a adoção. A DB1, por exemplo, usa regras explícitas e logs rastreáveis para mitigar respostas erradas, especialmente quando o agente interage com usuários externos. 

Ah, e vale ressaltar aquilo que não dá certo também - afinal, isso faz parte da cultura da DB1. Foi iniciado um experimento com um agente de análise de código que atuaria antes do push, avaliando o histórico e a base do projeto para detectar erros antes da revisão humana.  

A ideia era promissora, mas a experiência mostrou que o tempo de espera gerado a cada novo push afetava o fluxo do desenvolvedor. Tornar esse processo assíncrono (via notificações, por exemplo) comprometeria sua função como "linter" em tempo real. O projeto foi descontinuado — e esse também é um aprendizado importante: errar rápido e corrigir rota é parte do ciclo de amadurecimento dos agentes de IA. 

Considerações finais: o ROI como critério para escalar com responsabilidade 

Projetos com IA não falham por falta de tecnologia — falham por falta de propósito, de mensuração e de evolução contínua. Um agente inteligente só é de fato inteligente quando: 

  • Atua com base em dados do negócio 
  • Resolve uma dor real com precisão 
  • Tem métricas claras e acompanhamento constante 

Como afirma Hervis no podcast, automatizar sem ROI é um convite ao desperdício. E em tempos de budget enxuto e cobrança por previsibilidade, isso é inaceitável para líderes técnicos. 

Ao tratar ROI como critério de decisão estratégica, não apenas de convencimento, a IA se torna um ativo e não um custo

Se você busca aprofundar sua estratégia de IA com responsabilidade técnica e impacto real, o primeiro passo é dominar como calcular o ROI de cada agente implementado. No site da DB1 Global Software, você encontra cases, artigos técnicos e soluções sob medida para quem quer transformar tecnologia em resultado concreto. Visite e descubra como podemos ajudar sua operação a evoluir com inteligência.

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