Fale com um especialista
Fale com um especialista

Como testar agentes de IA em uma empresa de desenvolvimento de software? 

Nilson Soares
9 de julho de 2025

Os agentes de IA chegaram para ficar — e se consolidaram como assunto obrigatório em praticamente todos os setores. No mundo do desenvolvimento de software, isso não é diferente. Mas, até aqui, grande parte das conversas gira em torno de como a IA pode acelerar tarefas de programação: geração de código, autocompletar métodos, ou sugerir snippets. 

Na DB1, decidimos ir além. Nosso time acredita que a IA pode e deve atuar em frentes menos óbvias, mas igualmente críticas para o sucesso de qualquer projeto de software: as áreas que organizam, validam e documentam tudo o que o código sozinho não resolve. 

E se existissem agentes de Inteligênica Artificial que trabalhassem lado a lado com times de QA, UX e Business Analysis? Essa é a pergunta que norteou nosso experimento, e este artigo é o nosso jeito de dividir os aprendizados até agora. Vamos lá?

Por que decidimos testar agentes de IA internamente? 

Para qualquer empresa de tecnologia, eficiência não pode custar qualidade e qualidade não pode significar burocracia excessiva. 

A DB1 nasceu com uma cultura de engenharia que valoriza processos robustos, mas ágeis, e uma premissa básica: o objetivo de negócio do cliente é o nosso objetivo. Para manter esse padrão enquanto nossos projetos crescem em escopo e complexidade, acreditamos que a IA precisa ser uma aliada. 

Mas não qualquer IA, nem qualquer aplicação. Escolhemos aplicar agentes de IA em áreas onde há alto volume de tarefas repetitivas, grande dependência de análise contextual e potencial claro de ganho de tempo, sem abrir mão da visão estratégica humana

Como desenhamos os testes de agentes de IA? Critérios e pontos de partida

Homem analisando planilhas e software para entender como agentes de IA podem ajudá-lo
Agentes de IA foram implementados nos processos da DB1.

Adotar métodos e tecnologias só pelo hype não faz parte do nosso DNA. Por isso, começamos com hipóteses bem definidas, times engajados e foco em aprendizado incremental. 

Selecionamos três áreas dentro da nossa operação de desenvolvimento que reúnem o cenário perfeito para agentes de IA: 

  • QA (Quality Assurance) — o guardião da qualidade. 
  • UX (User Experience) — o ponto de conexão entre usuários reais e interfaces. 
  • BA (Business Analysis) — o elo entre as necessidades de negócio e o backlog técnico. 

Desde o início, ficou claro o que não queríamos: substituir pessoas, gerar promessas de produtividade irreais ou encaixar IA só para “parecer inovador”. O foco é simples: automatizar o que é repetitivo, apoiar o que exige análise e liberar o time para aquilo que realmente importa

Os três agentes de IA testados: funções e aprendizados 

Veja, a seguir, os agentes de IA testados na DB1 Global Software durante esse projeto: 

1) Agente de QA 

Nosso agente de QA atua como parceiro direto do time de qualidade, automatizando o processo de planejamento de cenário de testes para que os analistas possam focar em validações mais profundas. A ferramenta trouxe mais agilidade e economia de tempo na geração de casos de teste, além de sugerir cenários e descrições que ampliam a cobertura e enriquecem a qualidade da entrega. 

A praticidade de copiar e colar fluxos prontos, com revisão mínima, facilitou o processo de documentação e trouxe mais padronização na escrita, o que reforça a consistência do processo de QA. O agente também se mostrou útil para criar fluxos básicos quando os requisitos ainda estão pouco detalhados, servindo como ponto de partida para refinar alternativas. 

Outro destaque é o bom nível de confiabilidade: mesmo tratando dados sensíveis, o agente oferece sugestões de cenários que muitas vezes não haviam sido considerados, ajudando a prevenir falhas e elevando o padrão de qualidade do projeto. 

2) Agente de UX 

O agente de UX apoia o time a transformar feedbacks de usuários em insights práticos, cruzando dados e sugerindo melhorias que às vezes passariam despercebidas. Quando os insights coincidem com a análise humana, reforçam a confiança na tomada de decisão. 

Ele se mostrou rápido e eficaz, e ajudou a identificar interações com a interface, além de gerar sugestões bem alinhadas com o que o time já validava manualmente, tudo com automação de processos. 

3) Agente de BA 

O agente de BA foi criado para apoiar na criação de user stories, definição de critérios de aceite e organização de toda a documentação técnica do projeto. Ele tem ajudado a gerar hipóteses relevantes, estruturar histórias completas e até apoiar no planejamento com artefatos claros e organizados

Na prática, isso reduziu o esforço manual de centralizar e atualizar documentos, além de dar suporte a formatos como BDD e ajudar na definição de KPIs, o que facilita a clareza dos objetivos da solução para todos no time. 

Limites e desafios: onde a IA ainda não faz tudo sozinha 

Mais do que resultados rápidos, os agentes de IA que testamos deixaram claro um ponto essencial: não há respostas prontas. Para a automação gerar valor real, é preciso conhecer profundamente cada processo — entender cada etapa, exceção e detalhe do que será automatizado. Sem esse mapeamento, qualquer solução vira promessa vazia. 

Outro aprendizado importante é que cada contexto é único. Nossa operação lida com uma alta diversidade de projetos, clientes e setores, o que significa que o que funciona em um time ou produto nem sempre faz sentido em outro. Criar agentes realmente úteis exige personalização, ajustes constantes e um esforço evolutivo que só acontece quando quem usa também tem senso crítico. 

Por fim, talvez o maior risco: acreditar que a IA fará tudo sozinha, sem esforço humano. Essa expectativa é uma armadilha perigosa: leva a desperdício de tempo, frustração e resultados frágeis. Na prática, o maior valor está em integrar a IA como parceira, não substituta. A automação é poderosa, mas só faz sentido quando o time entende o processo, acompanha os outputs e melhora o sistema de forma contínua. 

Como aplicar esse experimento de agentes de IA na sua empresa? 

Se há uma dica que podemos oferecer para quem quer começar é: não comece grande, comece certo

  1. Escolha áreas onde há repetição + análise contextual. QA, Suporte, Atendimento e Business Analysis são boas portas de entrada. 
  1. Envolva o time técnico desde o dia zero. Se devs, QAs e UXers não confiarem no agente, ele vira ruído, não solução, e é fundamental que tenham clareza do propósito de cada agente e senso crítico para analisar os resultados, sem aceitá-los cegamente. 
  1. Use ferramentas acessíveis. LLMs open source, scripts com prompt chaining e APIs simples são mais que suficientes para iniciar. 
  1. Meça o impacto de forma prática. Não foque apenas em “horas economizadas”. Avalie retrabalho evitado, decisões mais bem documentadas e produtividade percebida pelo time. 
  1. Trate a IA como alguém em onboarding. Ela precisa de contexto, feedback e ajustes constantes para evoluir, como qualquer colaborador novo. 

Conclusão: IA com propósito, dentro de casa primeiro 

Se existe um ponto onde a DB1 não abre mão é o uso de IA com propósito e responsabilidade. Não importa se é um script simples, um agente interno ou uma ferramenta de mercado: o foco é resolver problemas reais, de forma eficiente e sem perder a essência do nosso jeito de fazer software complexo, mas simples de usar. 

A automação de processos que estamos testando ainda não são definitivos. Mas já mostram sinais claros: quando a IA é aplicada com visão técnica e propósito, ela não substitui pessoas, mas sim as potencializa.  

Gostou deste relato? Se quiser entender como estruturar agentes de IA na sua realidade, nosso time adora trocar ideias — dentro e fora do código. Fale com nossos especialistas!  

Leia também

DB1 Global Software
Política de Privacidade

Para entender como tratamos os dados coletados pelo site, acesse nossa Política de Privacidade.